quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Eu andava em uma estrada
De apenas um sentido,
Dia e noite uma canção
Sem destino, sem ambição
Sem medo sem ilusão
Uma luz brilhou no céu
Como um arco como um véu
E em um segundo pro beleléu,
Como nossas vidas,
Descartáveis, sem solução;
A força solta nas ruas,
Homens de raça sofrem,
De ó dio e de ternura;
Quem tanto corre quem tanto atua?
Quem não tem fome
De encontrar à cura?
Entender na vida, a face escura
A crueldade e a força bruta
Já é normal e não assusta,
Mendigos e crianças morrem
Em qualquer canto de qualquer rua,
É, vamos dormir e .......
"Tudo bem".
Nas tocaias, negra nuvem estampada
Crianças nuas, entre lágrimas e larvas
Consumindo lua cheia em migalhas
Pequenina prata, concentrada de fumaça
E com a chama e só um tapa
Vai se embora a vida ingrata
E num momento se destaca
A ilusão é tua casa
Talvez puras sem razão
Se "morrem" pela distração
Não sabem que a ilusão
Pode ser Deus como visão
Não tinham sorte, nem canção
Nem consolo ao coração
Sangram dos olhos, o mundo em festa
Filhos do mundo, nada mais resta.
O que consome pelos pés
A morte em vida
Uma ferida
Um stress

Procura o que não sente
Quando sente não entende
O remédio inconsequente
Pra essa dor transparente

A pira, a sina
Um peito aberto
Uma chacina
Uma criança assim, tão linda

Calado, eu ando pela vida
Tratando de uma ferida;
O homem, o mundo se conquista
O amor, é piada em revista

Não queremos notícias
Talvez uma porta de saída
Nos botecos, nas esquinas
Ingerindo as próprias vidas.
Plantem em seus olhares,
A imagem,
o mundo que temos;
Tranquem as portas,
Escondam-se também,
Não percam o calendário
Tracem regras, pra perder.
Sonhar é um luxo
Pra quem vive no escuro;
Objetivo? pra quem tem deve ser fácil.
Aqui o tempo voa e temos pressa,
A tristeza sufoca, ofusca a beleza
De ser apenas quem somos
Sentimento livre
Procurando o tal do Deus.